O que nos
leva a olhar para uma pessoa, mesmo sem conhecê-la , e achar que ela é ou não
capaz de realizar esta ou aquela missão? Porque achamos que determinado individuo,
não seria capaz de resolver um problema de difícil solução?
Porque
duvidamos da capacidade dos outros, até mesmo nas coisas mais elementares?
Confesso que
estas e outras questões semelhantes me chamam à atenção, e para elas não tenho
obtido a mais simples resposta...
Algumas
vezes, ainda que tenhamos visto os frutos do trabalho, da capacidade
intelectual, do pensamento como resultado límpido da expressão da alma do autor
da obra, simplesmente, duvidamos, e até ousamos perguntar: foi o (a)senhor(a) mesmo
que pintou esse quadro? É o (a) senhor (a) que pilota essa aeronave?
Mas, o mais
cruento de todos esses fartos atos de descrédito, é quando alguém ao lado, inocentemente,
diz: olhe amigo, o seu Zé, ou a dona Maria, é
uma pessoa muito inteligente, e excelente nessa área... Quando aquele
“(a) amigo (a)” responde: mas, não parece!
E então,
seria a roupa, a cor da pele, a aparência, o nome portentoso da tradicional
família, a religião, que determinaria o nível da nossa capacidade, os bons ou
maus resultados do que fazemos?
Porque não
pareço, tudo o que penso que falo, e o que faço, é cópia de alguém?
Lembro-me
que nos idos do meu tempo de ginásio, a “cola” era uma coisa muito difundida
entre os estudantes da minha época... Mas, isso não me dá o direito de afirmar
que todos os estudantes colavam.
A mim me
parece, que quase sempre olhamos os outros, pelo espelho do que somos, pensamos
ou fazemos. Mas, porque há tantos olhares distorcidos quando se trata de olhar
o outro?
Lembro-me daquele que foi subindo como um
renovo, como fala o profeta Isaías, “como raiz de terra seca; não tinha
aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse”.
As aparências, nem sempre expressam a realidade.
Muitas vezes
damos crédito às pessoas, pelo modo que se vestem, pela marca do relógio, ou
pela fama que esboçam, e nem sempre damos atenção ao seu modus vivendi, e aos
frutos que delas brotam...
Há, não
temos duvidas, milhões de pessoas mais inteligentes, mais cultas, e mais
talentosas do que somos... Mas, também o somos, no nível e evidência que a vida
nos premia a ser...
Há, não
temos dúvidas, outras milhares que não tiveram o privilégio que temos, nem por
isso, devem ser discriminadas ou diminuídas. Pois, são tão simples quanto
descentes; de aparência humilde, mas de ética aguçada; de pouca fala, mas de
espírito reto; de posses, pobres, mas espiritualmente ricas; sem nenhum poder
dominante, mas de respeitável retidão; tão leigas, quanto sábias; de gestos
tímidos, mas no amor, profundos.
Quem sabe, o
quanto seria bom se pudéssemos olhar para o próximo com o mesmo sentimento de
bondade e graça com que nos olhamos no espelho da vida? E não “julgássemos
pela aparência, e sim pela reta justiça”?
Finalmente,
rogo ao Pai que me dê humildade para ver a graça estampada na vida do meu
irmão, e para acreditar que de Nazaré, também saíram boas coisas.
Abraço
fraterno. Pr. Salvador